5 de janeiro de 2022

Por que as vacinas protegem mais contra a COVID do que a infecção

Neste momento ao menos 30% dos brasileiros ainda não receberam duas doses das vacinas e só 20% já tomaram a terceira dose. Existe um tabu de que quem se infecta pelo coronavirus já adquiriu imunidade suficiente, mas, em geral, infecção não protege mais do que vacinas. Existem vários exemplos de imunizantes que conferem melhor proteção que a própria infecção, entre eles as vacinas para papilomavírus humano (HPV), tétano, Haemophilus influenzae tipo b e a pneumocócica. Existem pelo menos 10 motivos pelos quais vacinas para COVID-19 protegem melhor do que a infecção; 1) A infecção é menos previsível que a vacina. A vacina tem quantidade fixa de antígenos, já na infecção, principalmente em jovens, a carga viral pode ser muito leve e não resultar em anticorpos protetores; 2) A infecção atrapalha a resposta imune, pois o vírus tem mecanismos para tentar escapar das nossas defesas. Quando alguem se infecta, o virus, claro, carrega todas as suas proteínas para dentro do nosso organismo, sendo que algumas delas podem inibir a liberação de substancias que nos protegem, como certos tipos de Interferon; com exceção das vacinas de vírus inativado, as outras provocam uma resposta imune específica para a proteína Spike; 3) A proteção por células T contra variantes do SARS-CoV-2, incluindo Delta e Omicron, é melhor quando vacinado do que quando previamente infectado. E nos protege principalmente de doença grave e morte; 4) A proteção contra doença grave se reduz mais lentamente com vacina do que com infecção; 5) Justamente em pessoas previamente infectadas pelo coronavirus, a vacina atua ainda melhor, pois aumenta o número de linfócitos B maduros, células de vida longa e treinadas para responder rapidamente a uma segunda exposição ao mesmo antígeno; 6) Quando infectados, indivíduos previamente vacinados parecem apresentar um menor risco de Covid longa que os não vacinados. Com Omicron não deverá ser diferente; 7) Estudo do Centro de Controle de Doenças dos EUA comprovou que além do risco da doença e de suas sequelas, quem teve COVID-19 e se curou, mas não se vacinou, teve mais de 5 vezes mais chances de ter COVID-19 de novo, do que quem nunca pegou o vírus mas tomou duas doses das vacinas; 8) Em uma eventual reinfecção, os não vacinados têm mais risco de hospitalização e morte do que os vacinados; 9) Populações com elevadas coberturas vacinais oferecem menores oportunidades ao vírus para acumular mutações e surgimento de novas variantes; 10) A eficácia da vacinação com três doses em previamente infectados é ainda maior.

No que se refere a Omicron, do ponto de vista de saúde pública realmente há uma redução de cerca de 60-70% de internamentos, quando comparado a Delta. Mas como mais pessoas vão se infectar com Omicron, acabará tendo mesmo assim um número grande de pessoas que precisarão ser internadas. E para estas pessoas internadas, Omicron pode ser tão grave quanto Delta, daí a importância de evitar que chegue ao ponto de precisar ser internadas. A efetividade de proteção de internamento por Omicron após duas doses de vacina é de 70% e diminui com o passar dos meses. Seis meses após a segunda dose já cai para 52%. Porém esta efetividade é recuperada, aumentando para 88% depois da terceira dose com vacina de RNAm. Ninguém conseguirá uma proteção para hospitalização tão boa apenas com infecções por Omicron. Até porque para atingir a “imunidade híbrida” (infecção somada a vacinação) a pessoa se arriscou a morrer de COVID-19! Claro que ninguém quer arriscar, principalmente quem já sentiu na pele o que é esta doença terrível. Então, tenha você previamente se infectado ou não, vacine-se! Para proteger de Omicron, três doses melhor que duas! Vacinas protegem, infecções matam.

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